sábado, 15 de setembro de 2012

A INTERCESSÃO DOS SANTOS

Por Julio Zamparetti

As Escrituras não nos deixam dúvida de que todos os santos (os salvos), tanto os que viveram antes, quanto os que viveram depois da vida terrena de Jesus, estão vivos pois já ressuscitaram em Deus. Temos essa certeza a partir das palavras do próprio Cristo que disse: "Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus vos disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Ex 3:6)? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos" (Mateus 22:31-32). Nessa afirmação, Jesus deixa claro que Abraão, Isaque e Jacó estão vivos em razão do fato da ressurreição dos mortos. Ou seja, se estão vivos é porque ressuscitaram.

Com isso, entendemos que a ressurreição dos mortos não está apenas no futuro, mas a cada dormição, isto é, a cada vez que alguém passa da vida terrena para a eternidade. A expressão 'dormir', usada pela igreja desde o primeiro século servia para lembrar aos fiéis que a morte terrena não era o fim. E para que tivessem a certeza de que em breve veriam novamente abertos os olhos de quem havia partido. Portanto, são os viventes dessa terra que esperam a ressurreição, pois os que partiram desta vida já a receberam. Ademais, na eternidade não há relógio, não há espera. O tempo de Deus é um eterno agora, onde tudo está consumado desde a fundação do mundo. Eis uma boa razão para que o apóstolo Paulo tenha dito que já estamos assentados nos lugares celestiais (outra razão é a Comunhão dos Santos, que trataremos depois).

De fato, os santos não estão dormindo como pensam alguns. A Bíblia relata constante e ininterrupta atividade dos ressurretos. Crer que os santos estão dormindo é o mesmo que crer que também dormem os anjos, pois segundo Jesus, na ressurreição seremos como eles. E se são como eles os que vivem na eternidade, temos a convicção de que os santos também intercedem por nós, já que os anjos assim o fazem. (vd. Zc 1:12-13.)

É correto, portanto, pedir a intercessão dos santos? Precisamos, antes de responder a essa pergunta compreendermos a segunda razão pela qual já estamos assentados nos lugares celestiais, a Comunhão dos Santos, a qual confessamos nos credos Apostólico e Niceno. Segundo o autor de Hebreus, estamos em plena comunhão com Jesus Cristo e os santos arrolados na igreja celestial (vd. Hb.12:21-24). Assim, o mesmo Espírito que nos faz ter comunhão com Cristo também nos faz ter comunhão com os santos, que não estão mortos, mas vivos em Deus, o Deus que está conosco.

A crença na intercessão dos santos já estava presente em Israel antes que houvesse cristianismo e não se refere unicamente aos que foram canonizados pela Igreja, mas a todos que, em qualquer tempo, viveram vida justa e santa, mesmo antes da encarnação de Jesus. Em 2º Macabeus 15:11-15, vemos o relato histórico do ânimo e a coragem que vieram sobre os guerreiros de Israel, quando Judas Macabeus descreveu a visão que teve do sacerdote Onias e o profeta Jeremias, já falecidos, de mãos levantadas, intercedendo por eles.

A verdade é que recorra você ou não à intercessão dos santos, eles sempre estarão intercedendo, junto ao Pai, pelo êxito da causa por qual viveram e morreram. Seu pedido de intercessão pode não fazer com que um santo rogue mais do que já o faz, ou que Deus trabalhe mais do que já trabalha, mas certamente fará com que você nutra maior confiança e esperança na graça de Deus. Você pode até se achar no direito de dispensar as orações dos santos, como pode também dispensar as orações de qualquer conhecido seu. Mas não terá nenhum fundamento bíblico para dizer que não se pode recorrer a essa graça. Lembre-se de que a igreja sempre se sustentou na oração de uns pelos outros. Diante disso, coisa preciosa é contar com as orações daqueles que servem a Deus dia e noite, com uma intimidade com o Pai, da qual nenhum mortal é capaz.

Assim jamais rezamos sozinhos, pois temos a certeza de que uma legião de anjos e santos rogam conosco. Tal qual essa graça trouxe ânimo aos guerreiros israelitas que lutaram ao lado de Macabeus, temos a esperança de que traga também a nós a confiança e a força de sabermos que como corpo de cristo, somos muito mais fortes e maiores do que aquilo que os olhos podem ver.

Mediador, há somente Jesus. Intercessores, aqui ou lá, somos muitos.