quarta-feira, 29 de agosto de 2012

PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS...

Por Julio Zamparetti

Não há como negar: o espírito protestante não suporta mais o protestantismo. Como já diz o velho ditado: "pimenta nos olhos dos outros é colírio". Depois de 500 anos da Reforma Protestante o que se vê da maioria dos filhos da reforma é um grupo de gente que perdeu o rumo. A verdade é que a maior parte dos protestos levantados, pelos reformadores do século XVI, se encaixam muito melhor à própria igreja evangélica de hoje do que aos protestados daquela época.

Naquela época se protestava a venda de indugências, mas hoje são os filhos da reforma que "resolvem" qualquer problema à base da "oferta de sacrifício", vendendo assim a promessa de vida abundante aqui e salvação garantida depois da morte. Outro exemplo típico dessa exploração é o fato de venderem Bíblias por R$ 900,00 sob argumento de que ao comprador será liberada uma unção de prosperidade.

Naquela época se questionava o poder absolutista do Papa, mas hoje são os filhos da reforma que se colocam como donos da verdade e elevam seus líderes ao status da inquestionabillidade, sob argumento de que questioná-los é rebelar-se contra o próprio Deus e rebeldia é como feitiçaria e os feiticeiros não herdarão o Reino dos Céus. E se isso não bastasse ainda recorrem ao tão citado verso "aí de quem se levanta contra o ungido do Senhor", como se não soubessem que jamais foram empossados de qualquer unção divina.

Naquela época se protestava contra o poder temporal do Papa, mas hoje são os filhos da reforma que distorcem as Escrituras para manipular o povo e constrangê-los ao "voto do cajado". Nesse viés aqueles que se dizem chamados por Cristo para serví-lo no ministério eclesiástico deixam a vocação a que foram chamados, se corrompem e corrompem as ovelhas a eles confiadas.

Naquela época se protestava contra a venda de relíquias, mas hoje são os filhos da reforma os que distribuem "gratuitamente" - aos que dão uma oferta de 30, 50, ou 100 reais (rsrs) - lencinhos, toalhinhas, fitinhas, rosas, salzinho... tudo "ungido" para afastar o mal e trazer coisas boas. A respeito disso, não posso deixar de ressaltar que esses mesmos que confiam nos objetos "ungidos" protestam contra aqueles que confiam nos objetos benzidos. Como se houvesse alguma diferença!

Naquela época se defendia a autoridade das Escrituras Sagradas, mas hoje são os filhos da reforma os que mais resistem ao confronto de sua prática de fé com a fé ensinada nas Escrituras. Não entendeu? Então experimente defender as Escrituras ante o que dizem os pregadores da teologia da prosperidade ou batalha espiritual para um de seus seguidores. Você verá que eles são incapazes de deixar de acreditar no seu apóstolo, missionário, pastor ou bispo para se renderem ao que diz a Bíblia.

Enfim, quando hoje protestamos como se protestava naquela época, chove sarrafo pra cima da gente. Não suportam mais o próprio protestantismo. Dizem que a gente ridiculariza as igrejas e escandaliza o Evangelho. Bem, só tenho a dizer que, neste blog, sou apenas um cronista, não tenho culpa pelo que seja ridículo. Quanto ao Evangelho... realmente... ele é um escândalo para quem não se dispõe a vivê-lo. Não tenho culpa da igreja evangélica se escandalizar com ele.