sexta-feira, 6 de abril de 2012

CRISTO OU BARRABÁS?

Por Julio Zamparetti


Para muitos é inconcebível que alguém possa ter gritado pela liberdade de Barrabás em vez de fazê-lo por Cristo. Certamente você já deve ter pensado que se estivesse no lugar daquela gente, indubitavelmente gritaria para que Jesus fosse solto. Entretanto, tenho sérias razões para crer que a realidade seria bem diferente.

A verdade é que não deve ter sido muito difícil, para os sacerdotes judeus, convencer os populares a gritar por Barrabás. Isso porque Barrabás era um criminoso condenado segundo os critérios romanos, não judaicos. Ou seja, Barrabás perseguia, basicamente, soldados e cobradores de impostos que trabalhavam pelos interesses do império de Roma. Sua luta era em prol da liberdade dos judeus, diante da opressão em que viviam. Se para Herodes Barrabás era criminoso, para muitos ele era um verdadeiro herói, uma espécie de Robin Hood daqueles tempos.

Enquanto os judeus, e isso inclui os próprios discípulos, esperavam que Cristo instituisse um golpe de estado e retomasse o governo a Israel, Jesus afirmava que seu reino não era de visível aparência, pelo contrário, dar-se-ia no interior de quem nele cresse. Isso por certo frustrou muitos de seus seguidores, e acredito que tenha sido isso o maior motivo de Judas tê-lo traído, já que este lucrava muito mais que 30 moedas de prata roubando da bolsa de Jesus.

Já que Jesus se nega a lutar pelo governo temporal - pensavam eles - vamos ver o que Barrabás é capaz de fazer.

Barrabás simboliza os interesses humanos e, principalmente, os meios pelos quais os homens buscam resolver seus problemas, sem ética, sem caridade, sem escrúpulos, sem Deus.

Nesse contexto, gritar por Jesus significa abrir mão dos interesses particulares em prol do bem comum; valorizar o ser em vez do ter; buscar a essência em vez da aparência; chorar com os que choram; ser paciente com os fracos; servir de suporte para quem, sozinho, não se mantém de pé; abrir mão do primeiro lugar para ajudar quem ficou para traz; e, principalmente, se manter integro, mesmo quando a única saída aparente é o "caminho largo".

Já que Jesus está demorando - pensamos nós - vamos tentar do nosso jeito.

Não, caríssimo leitor! Não somos diferentes daquele povo. Nós também gritamos por barrabás. Fazemos isso quando vendemos nosso voto, quando moldamos um "cristianismo" segundo o nosso gosto pessoal, e quando de alguma forma vivemos tão somente para satisfazer nosso próprio ego.

Então... Cristo ou Barrabás?

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