quinta-feira, 5 de maio de 2011

A CRUZ BASTARIA

Por Julio Zamparetti

A mensagem da cruz protagonizada na história de Jesus Cristo é, sem sombra de dúvidas, a mais poderosa mensagem que a humanidade recebeu em toda a sua história. Ela por si, seria, se compreendida e internalizada pelo ser humano, suficiente para transformar a humanidade.

A cruz contém e transmite a maior expressão possível de amor, abnegação e vida de amor ao próximo. Ela é o símbolo daqueles para quem a vida é maior que o próprio ser; para quem os limiares de sua existência terrena não limitam a essência de sua vida; para quem descobriu que viver somente para si não faz jus ao propósito de existir. De acordo com o princípio didático da cruz, a vida só faz sentido quando nossas causas são maiores que nossa estatura, quando não se vive por amor ao próprio umbigo, quando sabemos ser o menor dentre os menores, lavando-lhes os pés, dando-lhes a própria vida, comunicando-lhes a própria alma.

O que faz a vida ter sentido é a causa por qual se vive. E que maior causa há do que servir os pequeninos? Não foi essa a causa defendida pelo Grande Mestre? Ele se fez pequenino para ensinar o caminho da grandeza.

Nisso os céticos prestam um grande serviço à fé. Pois quando tentam desdivinizar o Mestre, provam sua humanidade. Ora, o princípio da cruz nos ensina que Ele não seria tão divino se não se fizesse tão humano; não seria Senhor se não assumisse a condição de servo; não seria o primeiro, o Alfa, se primeiro não se fizesse o último, o Ômega. A verdade é que Deus não seria tão grande, não houvesse antes feito a si mesmo tão pequeno; não seria soberano se não fizesse da cruz o seu trono. E quanto a nós não somos seus filhos se não agimos de forma semelhante ao Pai.

Enquanto alguns eliminam a cruz das paredes e do peito, outros a limitam a um mero objeto decorativo. Mas o pior nisso tudo é que a cruz tem sido eliminada da fé e da convivência social.

A cruz é eliminada da fé quando o propósito pelo qual é buscada visa o eu: fé para enriquecer, fé para prosperar, fé para casar, fé para ganhar o céu de preferência aqui e agora. Em suma, toda fé empreendida pelos crentes hodiernos não tem outro alvo senão benefícios a si próprios. E eu pergunto: Onde está a cruz deste “evangelho”?

A cruz também tem sido extinguida na esfera da convivência social. Não é a toa que temos tanta gente egoísta, sem menor sensibilidade em relação ao sofrimento alheio, e não são poucos os que chegam a se aproveitar das desgraças alheias para faturar mais, explorando até a última gota de quem já não tem sangue para dar.

A cruz remete-nos ao amor, pois sem amor a própria cruz não tem sentido de ser. Foi por amor que Ele morreu, e só o amor nos leva a doarmos nossa vida, nosso tempo e dinheiro por aquilo que não seja o eu. É por isso que a cruz é o lugar constante de quem ama. Pois, como ensinou o Santo Apóstolo Paulo, como Cristo deu sua vida por nós, devemos nós dar a vida pelo próximo.

A mensagem histórica da cruz bastar-nos-ia para mudar o mundo, para sarar nossos relacionamentos, para sabermos viver, para aprendermos a amar. Isso tudo se fôssemos capazes de aprendermos o que dela sabemos e vivermos o que dela aprendemos.

Viver o que da cruz se aprende é um milagre. Mas o milagre não está na aljava da cruz, mas sim da fé que se fundamenta na ressurreição. Graças à ressurreição nossa fé não é vã, nossa caminhada não é solitária, nossa força é complementada. É nessa fé que somos acercados da certeza de que Ele vive, não estamos sós, tomar a cruz e segui-lo agora é possível.

Na cruz Ele nos dá uma razão para viver e amar. Na ressurreição nos proporciona a segurança para dar a vida em amor ao próximo. Assim a ressurreição nos remete, irremediavelmente, à cruz, todavia, já não mais sob o prisma histórico, mas sim miraculoso, mostrando-nos e assegurando-nos que a vida é mais do que possamos viver e muito mais do que possamos imaginar.

Tudo isso tenho dito com aquEle, por aquEle e naquEle que é a Vida.

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