segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

NÃO SE DEIXE ENGANAR

Por Julio Zamparetti

Lendo o livro PENSAR NÃO DÓI E É GRATIS de meu amigo Eugênio C. Ribeiro, deparei-me com uma verdade interessante. Embora o livro seja de filosofia e não teologia ou religião, é impossível ler esse texto sem conotá-lo à realidade que vemos nos meios religiosos. Segue o texto:

“Falácia da autoridade é a falácia em que se convence pelo peso psicológico da autoridade de alguém. Por isso mesmo às vezes ela é conhecida pela expressão latina Argumento ad vericundiam. O modo mais conhecido desta falácia é muito usado pelos meios de comunicação, principalmente em propaganda, quando se usa a autoridade de uma pessoa em um determinado campo para corroborar a eficácia de algo fora daquele campo. Como exemplo, podemos citar o Pelé fazendo propaganda do Vitasay. O Pelé é uma sumidade nos esportes, mas não é competente no que tange à área farmacêutica para corroborar eficazmente o poder de tal vitamina

Há uma outra vertente desta falácia, também muito conhecida. Vem um brasileiro proferir palestra em nossa universidade sobre Bioética. È feito o anúncio sobre o evento, apresentando o currículo do palestrante, que só fez suas pesquisas no Brasil. Agora imagine a situação em que nossa universidade convida um doutor de Harvard para proferir palestra sobre o mesmo assunto, apresentando com antecedência o currículo do mesmo. Segundo minhas experiências em eventos deste tipo, é quase de apostar que a palestra do doutor que vem de Harvard terá um quorum bem maior. Por que? Ora, nós tendemos a idolatrar a pessoa considerada autoridade no assunto e menosprezar aquele que, em nosso ponto de vista, não o é.

Uma outra vertente ainda desta falácia é conhecida como argumentum ad antiquitam. È o erro de afirmar que algo está “correto” ou “bom” apenas porque é tradicional, antigo ou foi ratificado por alguém num cargo de mando. Exemplo: “Maradona é um jogador melhor que Pelé. Acredito nisso porque o chefe de meu pai disse que é”. Só assim mesmo para alguém acreditar numa coisa dessa. Ou então: “nós sempre fizemos assim...”.”

Percebeu a semelhança? Seguindo o viés da primeira falácia apontada (argumento ad vericundiam) igrejas usam e abusam de jogadores famosos, cantores decadentes e atrizes esquecidas para corroborarem com sua pregação medíocre e sem conteúdo.

No caminho da falácia seguinte, vemos o exemplo nítido, ilustrado no besterol teológico americano que, por meio de livros, DVDs, Bíblias comentadas e conferências, os brasileiros digerem sem pensar, questionar, nem fazer cara feia. E o pior, quando nós, míseros brasucas, queremos mostrar a verdade, não há exegese que dê volta.

Por fim, a falá do argumentum ad antiquitam. Esta é a falácia mais presente em todas as igrejas. Por mais que você argumente de forma bíblica e bem fundamentada, as pessoas dificilmente deixarão as crendices que a maioria crê, ou que o superpastorpadreguru Fulano de tal falou na TV. (Oh, estrago!)

Olhos atentos e não se deixe enganar!

domingo, 30 de janeiro de 2011

A JUVENTUDE

“A juventude não é um período da vida: ela é um estado de espírito, um efeito da vontade, uma qualidade da imaginação, uma intensidade emotiva, uma vitória da coragem sobre a timidez, do gosto da aventura sobre o amor ao conforto. Não é por termos vivido um certo número de anos que envelhecemos; envelhecemos porque abandonamos o nosso ideal. Os anos enrugam o rosto, renunciar ao “ideal” enruga a alma. As preocupações, as dúvidas, os temores e os desesperos são inimigos que lentamente nos inclinam para a terra e nos tornam pó antes da morte. Jovem é aquele que se admira, que se maravilha e pergunta, como a criança insaciável: e depois? Que desafia os acontecimentos e encontra alegria no jogo da vida. És tão jovem quanto a tua fé. Tão velho quanto a tua descrença, tão jovem quanto a tua confiança em ti e a tua esperança, tão velho quanto o teu desânimo. Serás jovem enquanto te conservares receptivo ao que é belo, bom, grande. Receptivo às mensagens da natureza, do homem, do infinito.”


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Fonte: http://www.diariodosul.com.br/?pag=variedades&codcol=27&cod_coluna=788

sábado, 29 de janeiro de 2011

AMOR INSANO (parte final)

Por Julio Zamparetti

Deus não tem filhos prediletos, nem casa favorita. A todos Ele ama indistintamente e não há nada que ninguém possa fazer para que Ele o ame mais ou o deixe de amar. Essa é a única razão por que podemos nos aproximar dEle, adorá-lo, participar da Eucaristia e sermos chamados de filhos de Deus.

Quando compreendemos a graça de Deus, deixamos de nos justificar a nós mesmos. Compreendemos que somos pecadores injustificáveis, que todas as nossas tentativas de nos justificar acabam implicando em pecados ainda maiores. Afinal, não se pode cobrir mentira com mentira, nem justificar o injustificável. Mas a verdade é que quem tenta assim fazer não conhece a Deus, nem sua graça. Do contrário, saberia que isso é inútil e desnecessário. Pois Deus simplesmente nos ama como somos: pecadores injustificáveis. Se alguém tenta se justificar, abdica do amor de Cristo, pois Cristo veio por amor aos perdidos e não aos sãos. Tentar colocar-se numa posição de justo é lançar-se para fora do foco do amor de Deus.

Isso não significa que devemos continuar pecando para ser amados por Deus, mas sim que devemos reconhecer quem somos para podermos ser transformados por seu amor.

O maior mal de não compreendermos isso não é o fato de acabarmos rejeitando o perdão e o amor de Deus, mas sim o fato de que nos tornamos incapazes de perdoar e amar a quem nos ofende. Se cremos num deus que cobra certo padrão moral daquele que é objeto de seu amor, fatalmente nos preservaremos o direito de também exigirmos certo padrão moral daqueles a quem pretendemos amar. Consequentemente, faremos todas as exigências cabíveis e incabíveis a quem havemos de perdoar.

Gosto do que diz o personagem Mestre, em O Vendedor de Sonhos, de Augusto Cury (CURY, 2008, p.168): “O deus construído pelo homem, o deus religioso, é implacável, intolerante, exclusivista, preconceituoso. Mas o Deus que se oculta nos bastidores do teatro da existência é generoso. Sua capacidade de perdoar não tem bom senso, nos estimula a carregar os que nos frustram tantas vezes quantas forem necessárias”.

Verdade seja dita, muitos preferem crer num deus religioso, intolerante, pois assim sentem-se no direito de também agirem intolerantemente com quem lhe ofende. Buscam, na religiosidade, obter os méritos que julgam suficientes para torná-los capazes de dispensar um perdão tão tolerante de Deus. Alimentando a crença em um deus intolerante, pensam que não precisarão ser tão tolerantes com os outros. Honestamente, que bom fruto isso pode dar?

Necessitamos aprender, urgentemente, a perdoar e amar uns aos outros, de forma abnegada e incondicional, tal qual o Pai nos ama e nos perdoa. Cristo nos ordenou dar de graça o que de graça recebemos. Mas como fazer isso se não cremos ter recebido de graça? Como fazer isso se cremos que o que recebemos de Deus (seu amor e perdão), recebemos por termos feito por merecer?

Somente ampliando a compreensão do amor divino é possível ampliarmos nossa dimensão de amor ao próximo. Quanto mais restringimos o amor de Deus, tanto mais aniquilamos nossa capacidade de amar. Quanto mais somos cientes de nossas mazelas e que ainda assim Deus nos ama, somos capazes de amar o próximo a despeito de suas misérias.

Nunca busque uma só razão para amar ou perdoar alguém. O amor não tem razão, não tem justificativa, não tem lógica, não tem sanidade. Todavia, a sua ausência é, paradoxalmente, o princípio de toda espiritual enfermidade.


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Extraído do livro ESPIRITUALIDADE DINÂMICA

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

AMOR INSANO (parte 2)

Por Julio Zamparetti

O que não cabe na mente religiosa é que este amor divino descabido não nos é conferido pelos nossos próprios méritos. Deus nos ama, mas não porque merecemos seu amor. Deus nos ama porque nosso pecado nos torna carentes, miseráveis, maltrapilhos e cativos. Ele nos ama porque precisamos de seu amor. Não há outro motivo para Deus nos amar. Ele nos ama, exatamente, pela mesma razão da qual deveria nos odiar; nos salva pela mesma razão da qual deveria nos condenar; somos restaurados pela mesma razão da qual deveríamos ser fulminados. Desculpe-me, mas você precisa ser um tanto herege, louco, para entender isso. (rs)

Não podemos ter a real dimensão do amor até que tenhamos razão para não amar, ou seja, não é na lua de mel que marido e esposa sabem o quanto se amam. Nem o saberão nos momentos mais felizes. Na verdade, só saberão a medida do quanto se amam quando tiverem motivos para não amar: Quando o dinheiro acabar, quando a paciência se esgotar, quando o stress comprometer o relacionamento, quando a enfermidade provocar o desânimo, quando não puderem estar perto, quando a monotonia esfriar o apetite sexual, quando a forma física deixar de provocar atração, quando a juventude passar. Quando todas as razões para alguém ser amado acabam, então se descobre se de fato o amor existe. Pois o verdadeiro amor não necessita de razão para existir, ele é a própria razão em si mesmo. Por isso o amor jamais acaba.

Não é em momentos de santificação e consagração que podemos sentir o amor de Deus de forma mais intensa, mas sim nos momentos em que mais nos sentimos sujos e pecaminosos. Jesus bem sabia disso quando falou: “aquele a quem pouco é perdoado pouco ama” (Lucas 7:47). Não foi a toa que o apóstolo Paulo afirmou: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Coríntios 12:10).

Quando o mesmo Paulo disse que “nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus” (Romanos 8:38,39), não estava afirmando que se sentia confiante porque sua força era suficiente para resistir a qualquer forma de provação, muito pelo contrário, Paulo sabia que tudo o que tinha para se gloriar era apenas fraqueza – “Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza” (2 Coríntios 11:30). São Paulo jamais usurparia a glória que pertence a Cristo. O mérito de tal confiança baseava-se no conhecimento de Cristo. O apóstolo sabia que Cristo o sustentaria ainda que muitas vezes ele pensasse em desistir, sabia que lhe seria impossível se separar do amor de Deus porque Cristo jamais desistiria de amá-lo.

Você pode ser um drogado, alcoólatra, jogador compulsivo, prostituta, mentiroso, ladrão, assassino e ainda assim o amor de Deus não o deixará. Pois para Deus, você é o filho que mais precisa de Sua atenção e amor. É por isso que a graça de Deus superabunda onde abunda o pecado.


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Extraído do livro ESPIRITUALIDADE DINÂMICA

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

AMOR INSANO (parte 1)

Por Julio Zamparetti

Nada pode ser tão louco, insensato e herege quanto o verdadeiro amor. Pois amor é amor quando deveria ser ódio. Esse mesmo amor conduz ao perdão, exatamente, quando tem todas as razões para conduzir à condenação.

A religiosidade propõe que devemos fazer por merecer o amor e o perdão de Deus, para que, só depois de méritos provados, sejamos por Deus amados e perdoados. Para a mente religiosa, Deus ama o pecador, conquanto este pecador tenha se arrependido; Deus salva o perdido, desde que haja méritos creditados ao indivíduo e não haja nenhum pecado por confessar.

Muita gente acredita que é capaz de identificar todo e qualquer pecado que comete, a fim de confessá-lo, pois crê que um pecado não confessado pode implicar na perda da salvação. Como se isso, por si, já não fosse pecado! Ora, considerar-se capaz de identificar todo pecado é julgar-se capaz de viver sem pecar. E “se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João 1:10).

Se, por outro lado, você admite que comete pecado, mas insiste em afirmar que os pode identificar um a um, por que não os identificou antes de cometê-los? Se és capaz de identificar todos os pecados após cometidos, certamente também és capaz de identificá-los antes de cometê-los. Então o pecado que você cometeu, foi cometido deliberadamente, o que não é nada bom: “Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados” (Hebreus 10:26).

Portanto, se você pensa que pecado só é pecado quando cometido conscientemente, grande engano o seu! Afinal, se o autor de Hebreus afirma que para este pecado “já não resta sacrifício”, fica claro que o sacrifício de Cristo cobre o pecado cometido inconscientemente, pois mesmo que inconsciente, não deixa de ser pecado. Ninguém deixa de ser multado por não saber que havia um radar no local onde excedeu a velocidade. Se soubesse previamente, certamente passaria em velocidade permitida. Da mesma forma, ninguém deixa de ser pecador por não saber que o que fez estava errado. A ignorância não justifica ninguém. O conhecimento pode fazê-lo evitar o erro ou levá-lo ao arrependimento a posteriori, mas como confessarás o pecado inconsciente?

Calma! Sei que tudo isso parece inconciliável, e de fato é, pois não há qualquer forma de conciliar a graça de Deus sob a ótica do mérito humano.

Quando achamos que podemos ter consciência de todos os pecados que cometemos e condicionamos o perdão de Deus à confissão nominal destes pecados, estamos nos enganando a nós mesmos e buscando tratar os efeitos em lugar da causa. É como pensar que limpando a mancha de óleo na garagem, resolvemos o problema do vazamento de óleo do motor do carro.

A solução não é limpar a mancha. Da mesma forma, a solução para os nossos pecados não é confessá-los nominalmente, um a um. Alguém pode contentar-se em limpar a mancha de óleo na garagem, mas jamais terá idéia de quanto óleo deixou pela estrada. Da mesma forma, você pode pensar que solucionou o problema de seus pecados confessando-os nominalmente, mas jamais terá idéia de quantos pecados cometeu inconscientemente ao longo de sua vida. A solução é arrumar o motor. Precisamos confessar todos os pecados, confessando-nos pecadores por inteiro. Não foi a toa que Deus disse a Salomão: “Dá-me, filho meu, o teu coração” (Provérbios 23:26). Assim como o motor tem que ser entregue ao mecânico, nosso coração tem que ser entregue ao Senhor. Assim como é inútil levar as manchas de óleo ao mecânico, também é inútil levarmos, a Deus, nossos pecados em vez de nosso coração.

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Extraído do livro ESPIRITUALIDADE DINÂMICA

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

DIFERENÇAS

Recebi e repasso na integra:


Dois cenários: 1959 e 2010. Quanta diferença! Veja só:


Cenário 1: João não fica quieto na sala de aula. Interrompe e perturba os colegas.
Ano 1959: É mandado à sala da diretoria, fica parado esperando 1 hora, vem o diretor, lhe dá uma bronca descomunal e volta tranquilo à classe.

Ano 2010: É mandado ao departamento de psiquiatria, o diagnosticam como hiperativo, com transtornos de ansiedade e déficit de atenção em ADD. O psiquiatra lhe receita Rivotril. Transforma-se num zumbi. Os pais reivindicam uma subvenção por ter um filho incapaz.


Cenário 2: Luís quebra o farol de um carro no seu bairro.

Ano 1959: Seu pai tira a cinta e lhe aplica umas sonoras bordoadas no traseiro... A Luís nem passa pela cabeça fazer outra nova “cagada”. Cresce normalmente, vai à universidade e se transforma num profissional de sucesso.

Ano 2010: Prendem o pai de Luís por maus-tratos. O condenam a cinco anos de reclusão e por 15 anos deve abster-se de ver seu filho. Sem o guia de uma figura paterna, Luís se volta para as drogas, delinque e fica preso num presídio especial para adolescentes.


Cenário 3: José cai enquanto corria no pátio do colégio e machuca o joelho. Sua professora, Maria, o encontra chorando e o abraça para confortá-lo...

Ano 1959: Rapidamente, João se sente melhor e continua brincando.

Ano 2010: A professora Maria é acusada de abuso sexual, condenada a três anos de reclusão. José passa cinco anos de terapia em terapia. Seus pais processam o colégio por negligência e a professora por danos psicológicos, ganhando os dois juízos. Maria renuncia à docência, entra em aguda depressão e se suicida.

Cenário 4: Disciplina escolar

Ano 1959: Fazíamos bagunça na classe. O professor nos dava umas boas palmatórias e, chegando em casa, nosso velho nos castigava sem piedade.

Ano 2010: Fazemos bagunça na classe. O professor nos pede desculpas por repreender-nos e fica com a culpa por fazê-lo . Nosso velho vai até o colégio se queixar do docente e, para consolá-lo, compra uma moto para o filhinho.


Cenário 5: 31 de outubro.

Ano 1959: Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. Não acontece nada.

Ano 2010: Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. A gente sofre transtornos de sono, depressão falta de libido, apetite e nas mulheres aparece celulite.

Cenário 6: fim das férias.

Ano 1959: Depois de passar férias com toda a família enfiada num Gordini depois 15 dias de sol na praia, hora de voltar. No dia seguinte se trabalha e tudo bem.

Ano 2010: Depois de voltar de Cancun, numa viajem ‘all inclusive’, terminam as férias e a gente sofre da síndrome do abandono, pânico, ataque e seborreia....


Fica, então, a pergunta: “Quando e quem foi que nos transformou neste bando de bostas? Temos futuro num país onde delinquentes “dimenor” e “dimaior” são vítimas e as pessoas de bem são bandidos?”

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

PERDEMOS O MESSIAS

Por Julio Zamparetti

“Era André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias” (João 1.40-41).

Talvez a euforia de André não fosse a mesma nos dias de hoje. Alguns indícios levam-nos a crer que se o mesmo André estivesse entre nós, vendo no que se tornou a igreja que se diz de Cristo, ele certamente diria: Pedrão, meu querido irmão, perdemos o Messias!

A verdadeira religião não oprime, não domina, não tende a ser um império, não impõe sua vontade como faz normalmente o mundo da política e dos negócios. Ao contrário, tal qual ensinou Jesus Cristo em seu próprio modo de vida (que logo ao nascer recebeu a adoração de astrólogos pagãos), a verdadeira religião liberta, respeita as diferenças culturais, religiosas e sociais, defende o direito alheio, serve ao próximo e ama sem esperar retorno. Entre os próprios discípulos de Cristo podemos ver que a presença de Cristo torna possível a convivência de pessoas diferentes em suas culturas, como no caso de Lucas, um médico e Pedro, um pescador; ou diferentes religiões, como Simão, um zelote e Filipe, um místico helenista; também de diferentes temperamentos, como Tiago menor, melancólico e Mateus, colérico. O verdadeiro religare nos torna tão unidos quanto livres, pois a ação de Cristo é fundamentada no amor que, entre outras coisas, tudo suporta, não procura seus próprios interesses e nem arde em ciúmes. Diante do fato de vivermos uma religiosidade que nem de longe reflete esse preceito, só nos resta reconhecer que perdemos o Messias!

Em nome de Deus, os defensores da “santa da fé” mataram viuvas macumbeiras, velhas feiticeiras, pregadores hereges, curandeiros ocultistas, mágicos satanistas, pessoas que por mais que eu tente usar adjetivos que denigram suas imagens não deixarão de ser pessoas, vidas por quem Cristo amou e se doou, mas que nós insistimos em focarmos os maus adjetivos que lhes damos em vez de vermos as pessoas que realmente elas são. Fato natural para nós que perdemos o Messias!

Diante da necessidade de reformas na igreja e diante do protesto do século XVI, o alto clero se posicionou irredutível e intensificou os processos inquisitórios a fim de não perder o domínio e os lucros advindos das cobranças de indulgências. Mantiveram os lucros... Mas perderam o Messias!

Perdeu a igreja de Roma e perderam também os fiéis separados, tendo feito cada um a si mesmo por seu próprio Papa. E esta é a causa de termos, hoje, tantas igrejas nas quais seus líderes não têm o mínimo de conhecimento histórico, cultural e bíblico do que é o cristianismo. A maioria destas igrejas acaba contrariando os próprios princípios da reforma protestante, pois desconhece sua raíz, sua história e sua própria fé. Libertara-se do domínio papal e tornara-se escrava de seu próprio papismo. Diante desse pressuposto, não nos resta dúvida de que além de perdermos a unidade da igreja e a fé genuína, obviamente, perdemos o Messias!

Max Weber, no século XIX, já dizia que a ética protestante havia fundamentado o capitalismo, motivando os crentes a se voltarem ao trabalho com afinco egoísta, considerando que as riquezas eram sinais da graça de Deus sobre suas vidas. Weber estava certo em criticá-los. Pena que sua crítica foi absolutamente ineficaz, de forma que os protestantes de hoje evoluíram ao ponto de não exercerem mais a fé, senão em função do enriquecimento próprio. Nesse viés, as aglomerações ganharam status de igrejas e as igrejas tornaram-se impérios, ou, no mínimo, empresas com fins muito lucrativos. Como igreja (ou será empresa?), ganhamos status, ganhamos fama, mas... Perdemos o Messias!

Agora, depois de tantos descaminhos, temos nos ocupado demasiadamente com nossos conceitos apologéticos, discutindo incansavelmente, cada um com o mesmo fim de concluir que “eu estou certo e que o outro é o herege”. Todos pobres miseráveis buscando o andar correto no prédio errado. Ser ortodoxo ou herege a essa altura da caminhada já não faz diferença, pois... Perdemos o Messias!

sábado, 15 de janeiro de 2011

AÇÃO SOLIDÁRIA

ESTENDAMOS MÃOS SOLIDÁRIOS PARA AJUDAR AS VÍTIMAS DAS CHUVAS NO RJ

O QUE DOAR: preferencialmente água mineral, produtos de higiene pessoal (escova e pasta de dente, absorvente, fralda…) e de limpeza (rodo, vassoura, desinfetante, detergente, sabão em pó…) roupas de cama, mesa e banho e colchonetes, além de alimentos não perecíveis (arroz, café, feijão, óleo, sal…).

EM SANTA CATARINA, todos os batalhões de bombeiros, postos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Sistema Nacional de Emprego (Sine/SC) recebem doações para o envio às vítimas. O subcomandante-geral do CBMSC, Marcos de Oliveira, orienta que a doação de roupas ocorra apenas após o governo do Rio de Janeiro anunciar a necessidade. Por enquanto, o mais importante são os alimentos não-perecíveis, água, produtos de limpeza e higiene.

DOAÇÕES FINANCEIRAS
- A prefeitura de Teresópolis abriu uma conta bancária, para deposito de qualquer quantia, no Banco do Brasil com o nome “SOS Teresópolis – Donativos”, ela está disponível na agência 0741-2, com o número 110000-9. - O Viva Rio disponibilizou sua conta corrente do Banco do Brasil: 411396-9, agência: 1769-8; Qualquer quantia aceita! - No site Mega Abelha (http://www.megabelha.com.br), de compra coletiva, você poderá doar qualquer valor acima de R$5,00, que será repassado aos orgãos municipais, para ajudar às vitimas.

- Conta bancária da Cruz Vermelha: BANCO REAL – Ag: 0201 – C/C: 1793928-5

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

NASCER PARA DEUS

Por Julio Zamparetti

Aqueles que refletem sobre o Natal, têm em voga o conceito de que Natal, para nossos dias, é o princípio espiritual de se acolher o nascimento do Filho de Deus em seus corações, permitindo assim que a paz e esperança floresçam no campo da vida.

Todavia, apenas Ele nascer em nós não basta. Esta é uma via de mão dupla em que a reciprocidade é a ordem do dia. É dando que se recebe. Então, quem quer ter Cristo nascido em si, tem que também nascer para Cristo. Caso contrário, ninguém nasceu em ninguém.

Os Cristão têm, de forma geral, o batismo como o sacramento do nascimento para Deus. Tanto o termo sacramento, quanto nascimento, nos remete a entendermos o batismo como dom de Deus, um meio de graça pelo qual Deus se achega a nós e se faz conhecido em nosso meio. Entretanto, mesmo esta via tem sua duplicidade, requer de nós uma caminhada. Se engana feio quem acha que basta ser batizado. Pois o principal fator de validação de um sacramento está na fé e o comprometimento credal. Já dizia São João: “Se alguém diz: “Eu o conheço”, mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso” (I João 2.4). Assim, a vida do cristão só é vida de cristão se reflete os princípios básicos que o batismo representa: perdão, justiça, serviço e unção.

Perdão. O aspecto da purificação dos pecados é inerente ao batismo praticado não só no cristianismo como em diversas outras culturas religiosas. Nas Escrituras Sagradas ele é encontrado nos banhos de purificação da Lei Mosaica, no batismo ministrado por João Batista e também no batismo cristão instituído por Jesus e praticado por seus discípulos.

Enquanto em outras culturas batiza-se novamente uma pessoa sempre que esta deseja o perdão dos pecados, o cristianismo tem no seu batismo uma marca indelével, dispensando assim a necessidade de repetição do rito, requerendo-se apenas arrependimento e mudança de atitude. Um único batismo faz-se previamente eficaz por toda a vida, válido a todo e qualquer momento em que o batizado, arrependido, desejar honrar seus votos.

Essa consciência de uma marca indelével do prévio perdão de Deus sempre disponível sobre todo aquele que se arrepende, também compromete o cristão a perdoar, previa e indelevelmente, a todo que lhe ofende.

Justiça. Outra característica inerente ao batismo é a justiça. Jesus Cristo não necessitava do perdão, pois era sem pecados. Este fato está claro nas palavras de João Batista: “Eu é quem devo ser batizado por ti, e vens tu a Mim”. Entretanto, era necessário que Jesus se submetesse a justiça de Deus e dos homens, para que os homens pudessem ter nEle a justificação. Não é justo, nem pode ser justificador quem a si mesmo não se submete à justiça. Por isso Ele disse: “nos convém cumprir toda justiça”.

Eis que novamente se descortina diante de nós uma via de mão dupla. Justiça não deve ser desejada aos olhos, mas sim ao paladar. Não é bem-aventurado quem quer ver justiça, mas sim quem dela tem fome e sede. Justiça não é coisa para se ver, mas para degustar. Somos justificados por Cristo, quando desejamos que seu conceito de justiça seja vivido em nós.

Serviço. O batismo de Jesus foi carregado de um significado a mais, o início de seu ministéro. Embora seja comum às pessoas considerarem ministério apenas as atividades que se referem ao serviço clerical, não podemos nos esquecer que o Sacerdócio Universal é concernente a todos os cristãos, leigos e clérigos. Todos somos chamados a ser soldados de Cristo, trabalhando segundo os dons que nos são concedidos pelo Espírito Santo.

Unção. No batismo Jesus se fez nascido da mesma água e do mesmo Espírito que nós nascemos. O mesmo Espírito que repousou sobre Ele, repousa também sobre nós A mesma voz que dizia sobre Ele: “este é meu Filho amado”, também nos chama de filhinhos queridos, pois no batismo filiamo-nos ao Pai e irmanamo-nos a Jesus, razão pela qual temos a autoridade (unção) de realizarmos sua obra em seu nome.

Mas não só temos essa autoridade, como temos também a responsabilidade. Uma vez que, pelo batismo, nossa filiação ao Pai é indelével, sempre carregaremos sobre nós o nome de Cristo, seja para a honra ou para a desonra. Como um filho não pode deixar de ser filho por um momento sequer, também não podemos deixar de carregar o nome de Cristo ainda que vivamos em pecado. Neste caso, o tesouro depositado para salvação, poderá vir a ser peso de condenação.

Conclusão

Ser batizado não requer apenas rito, requer fé; não requer apenas água, requer arrependimento todos os dias; não requer somente fórmula, requer obediência; não requer um novo nome, mas uma nova vida, um nascimento para Deus.

Bendito seja Cristo.

sábado, 8 de janeiro de 2011

QUEM SEMPRE NOS SOCORRE

Por José Fernandes

“ Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?”
. (Lc 15,4)


Desde criança fomos acostumados, durante muito tempo, a ter a imagem de Deus como um Deus que castiga e que nos amedronta. Era mais fácil para nós ficarmos quietinhos nas cadeiras da catequese. Dava-nos medo. Mas, esta visão é errada, não colabora em nada para a evangelização e muito menos para nossa proximidade com Deus. Mas, mesmo assim, de vez em quando, repetimos esta idéia. Deus é quem nos acolhe, quem vem ao nosso encontro, quem toma a iniciativa. É bom estender esta imagem de Deus que busca, que se preocupa, que nos mostra a sua grande bondade e a sua imensa compaixão para conosco. O nosso dia será mais verdadeiro se pensarmos num Deus que ama e não num Deus austero, vingativo e que condena. Precisamos ter em mente que Deus é pai, é amor, Deus é misericórdia. Como o pastor foi a procura da ovelha que se dispersou do rebanho, tenhamos certeza que Deus, na sua infinita bondade, virá sempre em nosso socorro.

Pense nisso. Tenha um Feliz Ano Novo e... Fique na paz e no amor de Deus!