segunda-feira, 19 de julho de 2010

PARA VER DEUS

“Apareceu o SENHOR a Abraão nos carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada da tenda, no maior calor do dia. Levantou ele os olhos, olhou, e eis três homens de pé em frente dele. Vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro, prostrou-se em terra e disse: Senhor meu, se acho mercê em tua presença, rogo-te que não passes do teu servo; traga-se um pouco de água, lavai os pés e repousai debaixo desta árvore; trarei um bocado de pão; refazei as vossas forças, visto que chegastes até vosso servo; depois, seguireis avante. Responderam: Faze como disseste” (Gênesis 18:1-5.

Já dizia Santo Agostinho que anjo não é substância, anjo é encargo. Ou seja, anjo é alguém enviado por Deus, encarregado de uma missão relacionada a alguém ou a alguma causa. Nesse contexto, anjos podem ser de substância humana ou divina. Há quem acredite que os três homens citados no texto acima fossem anjos de substância divina. Entretanto, as necessidades que estes tinham em relação à comida, bebida e limpeza dos pés, denotam a humanidade deles. Que fossem anjos, eu não discordo, pois Deus os havia enviado. Quanto à substância desses, a Bíblia é claríssima: eram “três homens”, eram de carne e osso mesmo.

O fato do aparecimento desses homens ser relatado como um aparecimento do Senhor a Abraão, não deveria nos causar estranheza. Tal estranheza só nos ocorre porque, ao contrário de Abraão, não sabemos reconhecer a presença de Deus na pessoa do próximo. Achamos possível a comunhão com o Divino sem comungarmos com a natureza, as pessoas e a terra. Quanto engano!

Servir ao próximo é servir a Cristo. Foi o que Ele próprio garantiu. Por isso, a espiritualidade não pode ser entendida apenas no âmbito da contemplação, pois a verdadeira contemplação conduz ao serviço. Isto é, ninguém que realmente deseje contemplar a Cristo, deixará de contemplá-lo na pessoa do próximo; e ninguém que contemple Cristo no próximo, deixará de servi-lo como se a Cristo o fizesse.

Quando vemos Abraão servindo a homens com a absoluta convicção de que a Deus estava servindo, algo nos parece errado. Isso porque errados estamos nós, que tratamos nossos semelhantes com a mais cruel discriminação e preconceito.

Aquele que disse que fazer ao pobre, ao cego, ao nu, ao forasteiro, ao faminto e sedento, é o mesmo que disse que quem o visse veria o Pai. Assim, se queremos ver Deus, precisamos deixar de olhar para cima e olhar para os guetos, para os prostíbulos, para as sarjetas, para as favelas, para os excluídos. Dar-lhes água, pão, carne, lavar-lhes os pés; dar-lhes oportunidade, uma segunda chance; estender-lhes as mãos e, então, sermos tocados por Deus.

Um comentário:

  1. Realmente servir ao próximo é servir ao Senhor Jesus. Ele mesmo disse "Fazei a um dos meus pequeninos e é a Mim que fazeis!". Grandes pessoas na história da humanidade entenderam essa mensagem: Madre Tereza de Calcutá, Martin Luther King e tantos outros seres abençoados por Deus. O Sr tbm pastor, está nesta lista!

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