quarta-feira, 21 de julho de 2010

E se não houver demônios?

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas” (Atos 1:8).

A razão pela qual o Espírito Santo foi derramado sobre a igreja é para que esta fosse testemunha de Cristo sobre toda a terra, sendo Ele próprio a força propulsora da igreja. Logo, nossas motivações deveriam girar em torno da comunhão com o Espírito de Deus. Entretanto, o que se observa desde os tempos remotos até hoje, é que a fé tem sido sustentada não pelo conhecimento da Palavra de Deus, mas sim e simplesmente pela crença no diabo. São tantos os dogmas surgidos de superstições, fábulas, contos e lendas, infiltrados com tanta incisão em nossas igrejas, que já tomaram o posto da infalibilidade, sendo pregados e ensinados como se a Bíblia assim dissesse. Tudo porque o diabo tem sido tão ou mais necessário para a fé dos crentes do que o próprio Deus Eterno. Então eu pergunto: Onde ficariam as pessoas que lotam os acentos das catedrais, se ficasse provado que o diabo, satanás ou os demônios não existem? Provavelmente, nem os acentos ficariam mais lá. Ei, ei, ei! – diria o pregador – Sentem-se, por favor! O Espírito de Deus está aqui! É por Ele que estamos aqui, não é? Sua Palavra é viva! É dela que nos alimentamos espiritualmente, certo?

Será mesmo o Espírito Santo a força propulsora desta “igreja”, ou será o medo do diabo? As igrejas tem se enchido por ocasião do amor a Deus, ou pela simples fascinação pelo “sobrenatural”, “mundo paralelo” e outras superstições que nos remetem a um dualismo meramente besuntado de evangelho? Podemos dizer: ah, se não fora o Senhor? Ou deveríamos assumir: ah, se não fora o diabo? Sim, porque se não houvesse diabo, com certeza, o número de crentes seria muito menor do que o registrado em nossos atuais róis de membros. Então será que o diabo se tornou bonzinho, se converteu, para encher as igrejas? Não, o poder do engano continua tão mal quanto sempre foi, só que agora enche as igrejas de pessoas vazias que expulsam demônios, falam novas línguas, profetizam, operam maravilhas, sem, contudo, conhecerem ou serem conhecidos pelo Senhor. Pois se conhecessem a Deus, certamente, se desviariam. Afinal, o deus a que se converteram não é o Deus verdadeiro, mas sim um deus (com letra minúscula, mesmo) condicionado aos preceitos e preconceitos, sujeitos às ordens e desordens de quem se diz “servo de Deus”. Isso porque a qualificação do verbo servir restringe-se à concupiscência carnal-satânica da sede de poder. Digo isto, porque a maioria dos que o “servem” não tem vocação ministerial alguma, apenas possuem o puro afã de se verem poderosos aos próprios olhos, “exorcistas infalíveis”, verdadeiros “super-homens” que tomam para si a glória daquele que não divide sua glória com ninguém. Daí, posso dizer que se o diabo não existisse já não seriam apenas os acentos das catedrais que estariam vazios, provavelmente, seus púlpitos também.

O mais interessante nisso tudo é que aqueles que se chamam pelo nome de Cristo, ditos como comissionados a evangelizar, fazem exatamente o oposto a isso. Vale lembrar que evangelizar significa anunciar as boas novas ou cristianizar, pois Cristo é a boa-nova a ser anunciada. Ele se fez homem, assim humanizou os céus, afim de que nós cristianizássemos a terra. Mas, ao invés de cristianizar, a igreja tem, cada vez mais, “demonizado” a tudo quanto pode, ainda que não devesse. Demonizam a enfermidade que o próprio Jesus disse que era pra glória de Deus; demonizam tudo o que não conseguem explicar (afinal, demonizar é mais fácil do que estudar a causa); demonizam as decisões erradas (é mais fácil pôr a culpa no diabo); demonizam as ganjas das crianças (sai delas... em nome da “Super-Nanny”). Por fim, demonizam o bom vinho, a boa música, o prazer da mulher amada. Quando pensam nisso, até mesmo Deus é demonizado e repreendido “em nome de Jesus” por aqueles que não conhecem a revelação de Deus contida em Eclesiastes 9:7-9 – “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras. Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz”.

Deixo aqui duas perguntas: Como o seu deus tem que ser e o que Ele tem que fazer, pra que você o tenha por Deus? E se não houver demônios, onde fica a tua fé?

Um comentário:

  1. Infelizmente , se não houver demônios muita "fé" será jogada fora, já que existem igrejas que vivem mais do demônio que do próprio Deus. Deus simplesmente É e nada tem que fazer para provar ser Deus. Deus nao precisa de nós, nós precisamos dele :-)

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