domingo, 21 de fevereiro de 2010

O ESPÍRITO QUARESMAL

Está lançada a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010. Esperamos dela que se possa gerar uma consciência ecumênica aproximando os cristãos de diferentes confissões. Mas acima de tudo esperamos que essa consciência ecumênica possa gerar uma campanha pela vida que vá além do período da quaresma.

O tema desta campanha, Economia e Vida, nos chama a promoção de uma economia a serviço da vida, onde a dignidade do ser humano e a preservação dos recursos naturais sejam mais valorizados que os lucros.

Nessa perspectiva, somos chamados a denunciar toda perversidade desse capetalismo (sic) selvagem e insano que cega os homens na busca do domínio e poder.

Somos chamados a promover a educação para a vida, em que o ser valha mais que o ter, em que a partilha valha mais que o acúmulo, pois a felicidade só é plena quando aquilo que a fez faz todos felizes. Ninguém pode ser feliz à custa da tristeza alheia. E esta é uma lição que se aprende em casa. Transmiti-la cabe a cada um de nós. Pequenos exemplos domésticos são fundamentais na educação e formação de uma consciência ambiental e solidária.

Há quem diga que as campanhas não geram resultado, ou que seu resultado é mínimo. O problema é que as pessoas esperam que as campanhas gerem soluções, ao passo que seu intuito é gerar solucionadores. E solucionadores só são gerados quando cada cidadão assume sua responsabilidade como um gerador, propagador e executor das soluções. Por isso, não espere da campanha o que se espera de você.

Cabe a cada cidadão fazer sua parte. A história nos mostra que exemplos de solidariedade partem, na maioria das vezes, daqueles que menos dispõem de recursos para ajudar. Um desses exemplos consta na Escritura Sagrada, quando o Apóstolo Paulo recorre aos fieis da Macedônia que, segundo ele, viviam em profunda pobreza e mesmo assim souberam ser generosos para ajudar aos que passavam fome na Judéia. Se todos nós fizermos nossa parte, por mínima que seja, juntos faremos proezas.

Cabe ao setor empresarial valorizar mais seus cooperadores do que a cooperação deles advinda. Os empregados precisam ter tempo com sua família e recursos para melhor aproveitar esse tempo familiar. Hoje em dia, marido e mulher quase não têm tempo de ficarem juntos, passear com os filhos, pois quando um está chegando em casa o outro está saindo para iniciar seu turno. Nem mesmo os domingos têm sido respeitados para o repouso e encontro familiar. Quem pagará o ônus que esse ativismo está gerando? Que legado deixaremos para as gerações futuras?

Cabe aos líderes religiosos e políticos deixarem seus interesses e rixas de lado e se unirem em prol do meio ambiente, dos pobres, doentes, miseráveis, dos menos favorecidos e excluídos. Essa foi a vontade manifestada pelo próprio Cristo.

Cabe a todos acreditar que é possível transformar o sonho em realidade, que o mundo tem jeito, que tudo pode melhorar e nessa perspectiva trabalharmos a fim de que de fato (como costumamos rezar) venha sobre nós o reino do Deus que, segundo São Paulo, é justiça, paz e alegria de espírito.

Se queremos desejar feliz páscoa a todos, antes tenhamos uma quaresma de profunda reflexão.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

ATO PROFÉTICO ou FEITIÇARIA GOSPEL???

Mais uma moda “gospel”. Chama-se “ato profético”. Consiste, basicamente, em se fazer um ato simbólico do qual Deus se obriga a torná-lo realidade, já que quem promove tais atos o faz declarando fazê-lo em nome de Jesus.

Povos aborígines já faziam a mesma coisa desde a idade da pedra: tentavam controlar a ação dos deuses por meio de simbologias e representações acompanhadas de muitas orações e sacrifícios.

Mas isso é coisa do passado. Hoje somos muito mais evoluídos, esclarecidos e sábios. O que se fazia na idade da pedra eram rituais de feitiçaria, fruto de mentes ignorantes e supersticiosas. Hoje tudo mudou! O que se faz nas igrejas dos tempos atuais são tentativas (ops! Tentativa não, porque foi declarado, já está decretado e consumado pela fé... suriandas) de mover as mãos de Deus por meio de atos proféticos e representações acompanhadas de muita oração e jejum. Viu como ficou mais chique?

Além da chiqueza, que outra diferença há?

Alguém replicará dizendo que os profetas do Antigo Testamento também realizavam atos simbólicos. E eu pergunto: quem eles simbolizavam? Nada mais do que Cristo. Mesmo vivendo numa aliança enferma eles não manifestavam a patologia patética da igreja hodierna, que mesmo vivendo no tempo de uma nova e eterna aliança vive a generalizada enfermidade do relacionamento baseado em atos proféticos em lugar daquele a quem os atos dos profetas de verdade prefiguravam.

Enquanto os profetas anunciavam Jesus para que o mundo o reconhecesse quando Ele viesse, os “atos proféticos” das igrejas nebulam a imagem de quem Cristo realmente foi, para que ninguém o conheça como Ele é, mas somente como esses falsos profetas desejam que Ele seja. Os verdadeiros atos dos verdadeiros profetas bíblicos apontaram para o sofrimento e dor que Cristo passaria por amor aos seus escolhidos. Os atos, ou feitiçaria, dos falsos profetas de hoje apontam para as regalia$, mordomia$ e conquista$ materiai$ que a ambição incita por amor a deus (Mamom).

Os profetas bíblicos falavam o que Deus mandava dizer. Os profetas de hoje dizem pra Deus o que fazer. Fazem de Deus seu escravo. Mas como Deus não é escravo, nem escravo pode ser Deus, tais profetas nem Deus tem, não é em Deus que eles crêem.

Enquanto isso as igrejas vão canonizando feiticeiros por profetas e superstições por cristianismo.

Onde isso vai parar?