segunda-feira, 29 de junho de 2009

QUEM ANDA POR VISTA, PERDE A VISÃO.

Por Julio Zamparetti

O que você vê não é exatamente o que outro vê. Essa diferença não se dá pelo objeto visto, mas pela forma como se vê.

Nossas células foto-receptoras têm sensibilidade variada, levando o cérebro a um processamento de imagem que diferirá da imagem processada por outro cérebro. Assim, embora seja o mesmo objeto, não será a mesma imagem para todas as pessoas.

Eis a razão de haver tanta divergência religiosa. Deus é um só e é luz. Disse Jesus: “Eu sou a luz do mundo”. Ele não disse que era uma luz, e sim a luz. A luz que ilumina todo homem. Logo, não há uma luz para cada homem, mas a mesma luz ilumina a todos.

Partindo de pressuposto, devemos admitir que nossas brigas religiosas não são motivadas pela defesa de Deus, mas sim pela defesa de como O vemos. Então nossa briga não é por Deus, mas sim pelo ego; não defendemos interesses divinos, mas tão somente interesses carnais. Dentro deste contexto, julgamos uns aos outros pelas diferenças com que cada nublada vista percebe a mesma e única luz.

É com vista fundamentalista aos mandamentos que as religiões se tornaram um meio de dominação popular, um verdadeiro nicolaismo, e negam todo sentido da graça de Cristo. Líderes religiosos obrigam todos a ver com a mesma vista míope com que eles vêem. Cegos guiando outros cegos. Cometem, hoje, em nome de Cristo, o mesmo erro, que Cristo denunciou, dos religiosos daquela época.

Não é por acaso que as religiões se assemelham tanto a Torre de Babel, numa luta desenfreada para se afirmar e chegar ao posto mais alto em nome de deus.

A visão está além de tudo isso, ela não mira o visível, não se assombra com resultados rápidos, não se interessa por caminhos curtos e fáceis, não se corrompe com o palpável, não sucumbe ante os obstáculos, antes os transforma em superação.

O visionário não é religioso, mas é espiritual; não busca interesse próprio, mas busca o bem comum; Não atrai a atenção de Deus, mas é por Deus atraído; não quer ser o favorito, mas favorece o próximo; não tenta alcançar a Deus, mas é por Deus alcançado; não é forte, mas é fortalecido pelo Espírito de Cristo; não é perfeito, mas a cada erro é aperfeiçoado no amor.

Para quem anda por vista os percalços da vida são motivos para desistir. Para quem tem visão, os mesmos percalços, são mecanismos de aperfeiçoamento da fé.

Para quem anda por vista qualquer erro é razão de facção. Para o visionário o amor encobre multidão de erros.

Só uma visão ampla pode ultrapassar as barreiras egocêntricas e religiosas rumo ao futuro resplandecente do Reino de Deus.

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