quinta-feira, 9 de abril de 2009

Shortinho de colégio

Caminhava pela rua Conselheiro Mafra, em direção à Rádio Tuba, quarta-feira, para fazer meu comentário. À minha frente, uma adolescente, ou criança, com um shortinho que estava mais para biquíni do que para uniforme de colégio. Falei sobre isso na rádio, atraindo amores e ódios. Cabia no shortinho somente o pequeno símbolo da escola. As encostas das montanhas gêmeas inferiores estavam expostas como amostras, mesmo não sendo grátis. O desfile público daquela criança, com a roupa transformada em embalagem de bombom, promovia o que podemos chamar de incitação à “pedofilia visual”. Diante de amostras, os tarados geralmente pensam que sejam grátis. O shortinho-biquíni promove o crime. “Ele foi provocado!”, alegou o advogado do tarado. Não sou contra o sexo nem contra as manifestações eróticas do amor.

Sou contra a erotização, sobretudo, de crianças. Quem lucra com ela? Quem a promove como fenômeno de massa? A cultura da erotização exalta as nádegas em detrimento do cérebro e da alma. Penso que alguém deveria ajudar as menininhas a mudarem de prioridades, trocando o coxismo pelo investimento no cérebro e na alma. As formas do corpo feminino são belas, atraentes. A beleza do corpo foi criada por Deus. Não sou contra a busca da manutenção da beleza, o que é até um dever, desde que não vire obsessão. Sou contra a derrota do cérebro e da alma na concorrência publicitária desleal com coxas e seios. Trocamos o vício nojento do puritanismo pela bobagem sistemática da erotização.

A roupa revela nossas prioridades. Em minha opinião, a decência não deveria sair de moda. A sobriedade deveria caracterizar também o modo de vestir. Numa escola, uma menina, com pais que pensam nela - ao contrário de outras, que têm pais
fantasmas, omissos, covardes - ouviu o deboche de uma colega (de 10 anos!): “Veio de saia de crente?!”. A menina, em casa, conversou com a mãe e pediu para mudar de saia. Soube dissopor meio de uma amiga e também participei da conversa. Bem, os filhos devem ser educados a não ter medo nem vergonha de rejeitar as bobagens que pobres crianças trazem de casa, ou melhor, da não-casa que elas não têm. Discordo radicalmente do uso pejorativo da palavra crente, também em referência ao modo
de vestir de alguns amigos evangélicos.

Há “crentes” bonitas, com seus vestidos compridos, cabelos longos, bem cuidados e, sobretudo, com convicções fortes no coração. As convicções da alma embelezam o corpo. E a inteligência, além de bonita, é sexy. Muitos católicos perderam a decência no modo de vestir. Os crentes ainda a mantêm. Em Roma, na Basílica de São Pedro, não entram mulheres com as encostas das montanhas gêmeas expostas, inferiores ou superiores. Na minha viagem pelo estado de Israel, em templos católicos, muçulmanos e judeus, não era permitida a entrada com roupas inadequadas. Homem de bermuda também não entrava. Qual a razão disto? Não é desprestígio do sexo. Crentes e católicos gostam de sexo, dentro de casa, por amor, com a mesma mulher e o mesmo marido.

Não se trata de desvalorização do sexo, mas de manifestação de prioridades. Aquela cãibra gostosa e momentânea que chamam de sexo é importante, mas o cuidado da alma e a limpeza da mente valem mais. Ajudam até na qualidade do sexo. A decência em alguns ambientes (igrejas, templos, escolas, escritórios) indica nossas prioridades. Numa igreja, ou templo, queremos rezar, juntos. Ora, se a vizinha de banco vem com as partes apresentadas como balancete de fim de ano, o vizinho naturalmente se distrai, já que gosta de sexo, mesmo estando ali para orar. No trabalho, a mulher inteligente sabe manifestar suas prioridades também por meio da roupa. Seu cartão de visita é a
mente e a alma, e não a exposição de coxas e seios.

Nas escolas, alguém deveria conversar com as crianças sobre erotização (ruim) e erotização infantil (pior ainda). Mas o que esperar daqueles professores conformistas (maioria ou minoria?) que se renderam à cultura de massa, com seus Big Bostas, novelinhas e programinhas de auditórios abestalhados? A indecência da roupa manifesta a pobreza da mente: indica que tal pessoa ou é frustrada por não conseguir atrair alguém, a não ser apelando, ou tem somente as curvas para mostrar (e oferecer!). As curvas, com o tempo, viram retas; ou pêndulos. Em adultas,
até cabem pitadas de sensualidade, diferente de derramar o pote de sal, que provoca repulsa e não atração.

Texto de Fábio Régio Bento

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