terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

EU GOSTO DOS QUE ARDEM

Chamaram-me a atenção os versos da música Senhas de Adriana Calcanhoto. Os versos finais dizem:

O que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Não, não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem


Confesso, tiro o chapéu pra essa garota! Também não gosto do bom gosto. Afinal, quem definiu qual gosto é bom? E se esse gosto eu não gostar? E se esse modo não me agradar? Terei que gostá-lo somente porque alguém ou a maioria falou que é bom? Onde fica o valor da diversidade? Cadê o respeito a particularidade? O que fazer da originalidade?

Eu também gosto dos que não escondem sua fome nem reprimem sua vontade, acreditam no que desejam e se consomem por seus ideais, ainda que isso represente um sentimento solitário ou minoritário.

Caminhamos cada vez mais em direção a uma sociedade de mente passiva, sem senso crítico, um bando de Maria vai com as outras, que anda segundo os ditames da moda fútil, da política maquiavélica e da hipocrisia religiosa.

Estes querem nos engessar, nos etiquetar, nos rotular, moldar nossa aparência sufocando nossa essência. Em contraponto, eu desejo liberdade, originalidade, espontaneidade e autenticidade. Porque bom é fazer o que arde. Foi isso que Cristo quis. Ele não nos impôs sua vontade, antes nos conquistou a fim de que em nós ardesse o que é bom! Assim disse o Mestre:

"Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já estivesse a arder" (Lucas 12:49).

Não precisamos nos sujeitar ao bom gosto. Precisamos sim arder de desejo pelo que é bom, pelo que é justo, pelos direitos das minorias, pela liberdade de ir e vir, pela liberdade de expressão, pelo direito de crer e ser. Ser um indivíduo inserido (não excluído) no coletivo. Não podemos ser, nem querer que outros sejam, um coletivo infundido num indivíduo.

Não me etiquetem, não me rotulem. Desculpem-me os maus modos, mas só falo o que me arde!

Um comentário:

  1. BATO PALMAS PARA O REVERENDO JÚLIO, POIS ELE CONHECE A REALIDADE DOS FATOS E NÃO AS MIRAGENS DAS SUPERFICIALIDADES DOS EXTREMOS RELIGIOSOS.

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